A nova previsão orçamentária da Prefeitura de Caieiras para o período de 2026 a 2029 acendeu um alerta entre moradores, especialistas e servidores municipais. O prefeito Gilmar Lagoinha (PL) planeja destinar R$ 23,3 milhões para comunicação social — o maior valor entre diversas áreas essenciais do município. A cifra supera, com folga, os investimentos programados para setores que afetam diretamente a vida da população.
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O valor, sozinho, é suficiente para levantar críticas. No entanto, a gravidade da situação fica escancarada quando se contrasta a verba destinada à autopromoção com os recursos reservados para setores vitais. Veja a disparidade:
Comunicação Social: R$ 23.300.000,00
Meio Ambiente: R$ 11.608.340,00 (metade do valor da propaganda)
Habitação: R$ 7.194.000,00 (menos de um terço)
Saneamento Básico: R$ 4.800.000,00 (apenas 20% do valor da propaganda)
Ou seja, a administração pública de Caieiras planeja gastar mais para falar sobre suas obras do que para realizá-las em áreas fundamentais para a qualidade de vida da população. O investimento em publicidade supera, e muito, a soma combinada dos recursos para Meio Ambiente, Habitação e Saneamento.
A desproporção chama a atenção. Em uma cidade que enfrenta problemas recorrentes de moradia irregular, enchentes, falta de infraestrutura e baixa cobertura de saneamento básico, a decisão de priorizar gastos com publicidade levanta questionamentos sobre as reais prioridades da gestão.
Nota da Prefeitura de Caieiras na íntegra:
A Prefeitura de Caieiras agradece o contato e a oportunidade de prestar esclarecimentos sobre a previsão orçamentária. É fundamental que a população receba informações precisas e contextualizadas sobre como os recursos públicos são planejados e utilizados.
1. Sobre a destinação orçamentária da Comunicação Social
O valor previsto para Comunicação Social não representa, de forma alguma, uma prioridade sobre outras áreas essenciais. O que ocorre é que, por determinação técnica e normativas de finanças públicas, as despesas com publicidade institucional são centralizadas em um único órgão, mas são utilizadas por todas as secretarias, de Saúde à Educação, de Obras ao Meio Ambiente.
Ou seja, o orçamento da Comunicação é transversal e atende toda a estrutura administrativa, campanhas de saúde, avisos de utilidade pública, orientações ambientais, comunicação educacional, divulgação de melhorias, programas sociais, entre outros.
Assim, a comparação direta entre esse valor e os investimentos setoriais não reflete a natureza real da despesa.
2. Sobre os valores destinados a habitação, saneamento e meio ambiente
A atual gestão considera, sim, que os valores previstos atendem ao planejamento técnico e ao cenário fiscal do município. Ressalte-se que o orçamento é uma peça dinâmica: ao longo da execução orçamentária, suplementações podem ser realizadas sempre que necessário, de acordo com projetos, convênios, parcerias ou novas demandas.
A Prefeitura reafirma seu compromisso com políticas públicas estruturantes nessas áreas e mantém estudos permanentes para ampliar investimentos conforme a capacidade financeira municipal permite.
3. Sobre a comparação entre verba publicitária e áreas historicamente carentes
A gestão não enxerga essa relação como competição de prioridades.
A comunicação institucional cumpre função essencial: orientar a população, prestar contas, divulgar serviços, garantir transparência e informação de qualidade, além de atender exigências legais, como publicações oficiais obrigatórias.
Investir em comunicação não significa priorizar imagem, mas sim assegurar que a população saiba onde encontrar serviços, como participar de políticas públicas, como acessar direitos e quais ações estão sendo executadas.
Trata-se de um instrumento de cidadania.
4. Sobre o planejamento de aplicação dos recursos de comunicação
A comunicação pública segue planejamento anual, alinhado ao Plano Plurianual (PPA) e às diretrizes de transparência.
As ações incluem:
• campanhas obrigatórias de saúde e vacinação;
• divulgação de serviços públicos;
• informações sobre alterações de trânsito e obras;
• avisos de utilidade pública;
• publicações legais exigidas por lei;
• programas educativos e ambientais;
• prestação de contas e comunicação institucional.
Os planos detalhados são atualizados continuamente conforme necessidades de cada secretaria, e podem ser disponibilizados de acordo com a legislação de acesso à informação.
5. Sobre a interpretação de que os valores poderiam priorizar a imagem institucional
A administração compreende a preocupação, mas reafirma que o recurso previsto não possui caráter promocional.
A comunicação pública é um instrumento de Estado, não de governo. Ela garante que a população seja informada com clareza sobre serviços, direitos, riscos, campanhas preventivas e ações que impactam o dia a dia do cidadão.
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