Eu sou — com orgulho — uma escritora de textões. Daquelas que acredita que certas ideias precisam de mais do que três linhas e um emoji para serem ditas. Escrever, pra mim, sempre foi um refúgio. Uma espécie de terapia onde cada palavra encontra seu lugar e me ajuda a encontrar o meu. E ler? Bom, ler sempre foi a porta que me mostrou outros mundos e me ensinou a decifrar o meu. Mas, ultimamente, eu me pergunto: quando foi que a gente parou de ter paciência pra isso?
Hoje, parece que só lemos até o final se o título nos promete uma revelação bombástica ou uma polêmica irresistível. Se não tiver um “você não vai acreditar no que aconteceu” ou um “o segredo que ninguém te contou”, a gente passa direto. A verdade é que a gente não parou de ler — a gente parou de querer investir tempo em qualquer coisa que não entregue uma resposta imediata.
O problema é que as melhores respostas não vêm rápido. Elas aparecem nos detalhes, nos argumentos que se desenrolam, nas histórias que inspiram. Mas quem aguenta ficar ali até o ponto final? A leitura virou uma corrida contra o tempo. Se o texto é longo, a gente suspira fundo e pensa “depois eu leio”. E o depois quase nunca chega.
Eu entendo. O mundo tá acelerado. Tem notificações piscando, vídeo curto prendendo atenção, feed rolando sem parar. Mas será que não dá pra desacelerar um pouquinho? Porque tem coisas que a gente só entende com profundidade. E profundidade exige tempo — e palavras. Muito mais do que uma frase de efeito ou uma lista de tópicos fáceis de digerir.
Textos longos nos desafiam. Eles cutucam nossa mente, fazem a gente pensar, discordar, se emocionar. Um textão bem escrito não quer só ser lido — ele quer ser sentido. E eu não quero perder isso. Nem como escritora, nem como leitora. Porque se a gente parar de ter paciência para ler algo mais longo que uma legenda, o que vai sobrar? Memes e manchetes?
Então, se você chegou até aqui, parabéns. De verdade. Você já é resistência. E eu espero que você não pare por aqui. Que continue buscando textos que exijam mais de você — porque são esses que costumam deixar mais pra gente.
E aí, tá disposto a encarar mais textões? Eu prometo que vale a pena.
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