Nos últimos anos, o protagonismo feminino no cenário jurídico e empresarial tem crescido de forma significativa. Cada vez mais, vemos mulheres à frente de escritórios de advocacia, startups, empresas de tecnologia, comércio e serviços, desafiando um histórico de desigualdade e reafirmando sua capacidade de liderança. No Direito, assim como em outros ramos do empreendedorismo, a presença feminina representa não apenas uma questão de representatividade, mas também uma transformação cultural e estrutural.
Embora tenhamos avançado muito, as barreiras ainda são reais. No universo jurídico, a discriminação velada, a dificuldade de conciliar maternidade com carreira e a falta de reconhecimento em cargos de liderança são desafios frequentes. Em outros setores, as empreendedoras enfrentam dificuldades semelhantes, como acesso limitado a crédito, redes de networking predominantemente masculinas e preconceitos relacionados à sua capacidade de gestão.
Segundo dados recentes do Sebrae, as mulheres representam cerca de 34% dos empreendedores no Brasil, mas, em média, enfrentam mais obstáculos para crescer e formalizar seus negócios. No Direito, isso se reflete no fato de que, embora mais da metade dos advogados inscritos na OAB sejam mulheres, elas ainda são minoria nas grandes sociedades e nas posições estratégicas de decisão.
Na advocacia local, esse protagonismo tem se mostrado cada vez mais presente. Em Franco da Rocha, a OAB conta atualmente com uma presidente mulher, Dra. Kelya, e uma diretoria majoritariamente feminina, o que reflete uma mudança histórica no perfil da gestão da entidade. Essa representatividade não apenas inspira novas advogadas a ocuparem espaços de liderança, como também fortalece a pauta da igualdade de gênero e da valorização do trabalho da mulher advogada no município.
Mesmo com a maioria dos inscritos na OAB sendo mulheres, a realidade ainda revela um abismo estrutural: nenhum dos três maiores e mais ricos escritórios de advocacia do país pertence a mulheres. Essa disparidade escancara que a presença feminina, embora significativa em número, ainda não se traduz proporcionalmente em poder econômico e liderança nos espaços mais lucrativos da profissão. Trata-se de um reflexo das barreiras históricas e culturais que precisam ser rompidas para que a igualdade de gênero se torne efetiva também nos altos escalões do mercado jurídico.
Apesar das dificuldades, as conquistas são inegáveis. Hoje, temos mulheres advogadas à frente de bancas renomadas, juízas e ministras ocupando cargos de destaque no Judiciário, e empresárias liderando negócios inovadores em diversos setores. O empreendedorismo feminino tem mostrado um diferencial competitivo: gestão humanizada, visão estratégica e resiliência.
No Direito, cada vez mais advogadas apostam em nichos especializados, inovação tecnológica e marketing jurídico ético para se destacar. Em outros ramos, vemos mulheres criando redes de apoio, coletivos e mentorias que fortalecem a presença feminina no mercado.
O futuro do empreendedorismo feminino, no Direito e em outros setores, está diretamente ligado à quebra de paradigmas. A ampliação de políticas públicas que incentivem a igualdade de gênero, programas de capacitação e crédito direcionado para mulheres empreendedoras são passos essenciais.
Além disso, a mudança cultural é imprescindível: é preciso normalizar a presença feminina em cargos de liderança, seja no tribunal, na advocacia empresarial, em uma empresa de tecnologia ou em um pequeno negócio local. Empoderar mulheres é fortalecer a economia, a justiça e a sociedade como um todo.
O empreendedorismo feminino não é apenas uma tendência, mas um movimento que veio para ficar. Seja no Direito, na indústria, no comércio ou no setor de serviços, as mulheres têm mostrado que competência, inovação e coragem não têm gênero. O desafio agora é garantir igualdade de oportunidades para que esse protagonismo se expanda e gere impacto positivo para todos.
Dra. Claudia Cavalcante
Advogada OAB/SP 468.550
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