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Terça-feira, 18 de Novembro de 2025
Papa Leão XIV: escolhido pela fé ou pela política?

Nego Dan

Papa Leão XIV: escolhido pela fé ou pela política?

Conheça as características do novo papa e quais caminhos a igreja católica pode tomar sob seu comando

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“Habemus Papam” — termo em latim que significa “temos um papa” — trouxe alegria e esperança para milhões de católicos espalhados pelo mundo. Todos aguardavam ansiosos, durante o período do conclave, pela escolha do novo líder do Vaticano. Enfim, saiu o nome: o norte-americano Robert Prevost, de 69 anos, com uma vida missionária e também cidadania peruana. O agora Papa Leão XIV era um dos homens de confiança de seu antecessor, o Papa Francisco.

Ao observarmos as características de Robert Prevost, percebemos rapidamente que ele é uma espécie de "coringa": nascido em Chicago, com cidadania peruana, é um imigrante identificado com os latino-americanos, um monge da ordem agostiniana e ainda considerado jovem para o posto mais importante da Igreja Católica. Ou seja, como ele mesmo disse em seu primeiro discurso como Papa Leão XIV: “Eu vim para construir pontes”. Essa é, de fato, a função de um coringa — ser necessário onde houver necessidade. E, tratando-se de um mundo polarizado, nada melhor do que um mediador de conflitos de interesse. Mas, para compreendermos melhor o legado que o novo papa poderá construir, é necessário traçarmos uma breve linha do tempo recente no Vaticano.

Na década de 1970, em meio à polarização entre a extinta União Soviética e os Estados Unidos, o ateísmo soviético crescia não só no Leste Europeu, mas também em outras partes do mundo. Foi então que o Vaticano nomeou o polonês Karol Józef Wojtyła como Papa João Paulo II, com o objetivo de conter esse avanço. Com apenas 58 anos, ele assumiu o posto e permaneceu por mais de 26 anos, tornando-se o terceiro pontífice mais duradouro da história — tendo, inclusive, sobrevivido a uma tentativa de assassinato.

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Em 2005, para sucedê-lo, foi escolhido o alemão Joseph Ratzinger, que ficou conhecido como Papa Bento XVI. Um grande aliado das ideias conservadoras de João Paulo II e autor de inúmeras obras, destacou-se no combate ao marxismo, às ideologias progressistas e à Teologia da Libertação — considerada por ele uma ameaça à doutrina da Igreja. Com o avanço das ideias progressistas no mundo, a postura de Bento XVI passou a ser cada vez mais contestada, inclusive dentro da própria Igreja. A isso se somaram problemas de saúde e uma série de escândalos de abuso sexual envolvendo membros do clero. Criticado por não agir com mais firmeza, sua renúncia tornou-se inevitável. Após quase 600 anos, um papa abdicava de suas funções. Para muitos, Bento XVI caiu diante do avanço do progressismo.

Em 2013, o Vaticano nomeou o argentino Jorge Mario Bergoglio como Papa Francisco. A sede do catolicismo se abriu definitivamente para ideias progressistas. Um jesuíta, veio com a missão de frear o crescimento do protestantismo na América Latina e recuperar a adesão de fiéis católicos. Entrou em temas polêmicos, como o casamento de padres, a união homoafetiva, o aborto, o capitalismo, o meio ambiente e a imigração. Em um mundo cada vez mais polarizado, tornou-se amado por uns e odiado por outros. Entrou para a história como um dos papas mais progressistas de todos os tempos.

Agora, com a chegada de Robert Prevost ao papado, precisamos analisar o contexto atual. A agenda conservadora tem ganhado força no mundo, e um papa norte-americano — embora inédito — não deveria ser surpresa. J.D. Vance, atual vice-presidente dos Estados Unidos, foi a última pessoa a se reunir com o Papa Francisco antes de sua morte. E por que ele teria ido ao Vaticano? Apenas para rezar um Pai-Nosso? Não podemos esquecer que o Vaticano é também um Estado, e como tal, tem interesses políticos a serem considerados.

Certa vez, ouvi de um historiador católico: “A Igreja não é um sindicato; ela sempre se uniu aos vencedores, não aos vencidos.” Papa Leão XIV é imigrante, agostiniano, já foi crítico de Donald Trump e chegou ao cargo como um dos homens de confiança do Papa Francisco. No entanto, o site norte-americano NewsMax verificou registros eleitorais e constatou que Robert Prevost estava registrado como republicano em Illinois em 5 de agosto de 2023 — inclusive participando das primárias que escolheriam o candidato republicano à presidência.

Ou seja, com um “coringa” como Prevost no papado, temos três possíveis caminhos: o primeiro, seguir o legado progressista de Papa Francisco; o segundo, atuar como mediador entre progressistas e conservadores, pondo fim à polarização; ou o terceiro, dançar conforme a música — e, se o DJ for os Estados Unidos, já sabemos para que rumo irão os interesses do Vaticano.

FONTE/CRÉDITOS (IMAGEM DE CAPA): Internet
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Nego Dan

Publicado por:

Nego Dan

Barbeiro, cristão afrodescendente, formado em educação física e professor de boxe

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