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Quarta-feira, 12 de Novembro de 2025
RACISMO E LUCRO NO FUTEBOL

Nego Dan

RACISMO E LUCRO NO FUTEBOL

Entenda como grandes marcas e emissoras fazem do racismo um grande negócio financeiro no futebol

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Na última quinta-feira um jogo válido pela Conmebol Libertadores sub-20 o Palmeiras enfrentava o Cerro Porteño no Paraguai, já passava dos 35 minutos do segundo tempo quando o atacante do palmeiras Luighi de apenas 18 anos foi substituído e ao sair do gramado, torcedores do time adversário o hostilizaram xingando-o e imitando macaco, um detalhe deprimente é que havia um torcedor até com uma criança no colo e mesmo assim fazendo esse tipo de gesto, o atleta do Palmeiras ao chegar no banco de reservas desabou em lágrimas e foi consolado por companheiros de clube, após o apito final o atleta numa demonstração de personalidade foi dar entrevista na saída de campo, por sua vez um repórter local numa tentativa de mudar o foco do incidente resolveu perguntar sobre o jogo ignorando completamente o episódio de racismo, o atleta ficou revoltado com a pergunta e com lágrimas disse: “– Não, não. É sério isso? Vocês não vão me perguntar sobre o ato de racismo que ocorreu hoje comigo? É sério? Até quando vamos passar por isso? Me fala, até quando? O que fizeram comigo é crime, não vai perguntar sobre isso? Vai me perguntar sobre o jogo? A Conmebol vai fazer o que sobre isso? Ou a CBF, sei lá. Você não ia perguntar sobre isso né? Não ia. É um crime o que ocorreu hoje. Isso aqui é formação, estamos aqui para aprender – disse Luighi.”

Obviamente com um caso desse nós ficamos solidarizados com o atleta que ainda muito jovem já enfrenta esse tipo de situação num torneio grande onde deveria ter algum mecanismo que punisse tal atitude, porém temos que refletir como o futebol vem sendo algo que lucra cada vez mais dinheiro com esse câncer chamado racismo.

Hoje no mundo do futebol o grande nome na luta pelo racismo é o melhor jogador do planeta Vinicius Júnior, onde todos os holofotes estão voltados para ele no esporte é um dos rostos que as marcas mais lucram, gosto de falar de lucratividade financeira pois o racismo no futebol se tornou uma forma de grandes empresas lucrarem em cima disso, vamos aos fatos, o que dizer da campanha feita pela Nike em 2023 após os casos de racismo sofrido por Vini Junior, a gigante do mundo esportivo lançou uma linha inteira de uniformes preto para a seleção brasileira numa campanha contra o racimo, lucrando milhões porém o  problema racial continua, no mesmo ano o Real Madrid jogou com o Valencia em jogo válido pela La Liga o astro brasileiro foi insultado diante das câmeras por torcedores rivais e ainda saiu expulso de campo por se manifestar contra os xingamentos, na outra rodada ele estava no camarote ao lado de autoridades do país e o próprio presidente do Real Madrid, Florentino Perez que um certo dia disse que não traria Ronaldinho para o Real pois ele era muito feio para o clube, Vini ao atacar a La Liga dizendo ser uma liga racista foi confrontado pelo presidente da liga, o craque sabe que a La Liga é racista e respectivamente o Real Madrid sendo um dos grandes representantes do campeonato também é conivente com tais manifestações que agridem moralmente atletas negros, já Vinicius Junior com tantos contratos e tantas publicidades usando sua imagem não tem muito o que fazer a não ser jogar o jogo e faturar o máximo que ele puder com tudo isso.

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Casos de racismo no futebol sul-americano nunca deixaram de existir e aqui no Brasil o desfecho não é diferente, sempre na busca por lucro e audiência,  vamos voltar um pouco no tempo o ano era 2020 o Flamengo enfrentava o Bahia no Maracanã em jogo válido pelo campeonato brasileiro, após a partida Gerson do Flamengo acusou Juan Pablo Ramírez do Bahia, de injuria racial durante a partida, o colombiano supostamente teria chamado o meia brasileiro de “negro” causando revolta no jogador que foi até a delegacia depor contra o atleta do Bahia, Gerson disse que queria ser uma espécie de porta-voz contra o racismo no futebol brasileiro, disse estar ali em nome de sua filha, sobrinhos que são negros, o interessante é que ao final da mesma temporada o jogador recebeu uma proposta do Olympique de Marseille da França e o dinheiro falou mais alto e ele deixou de ser o porta-voz  do racismo aqui no Brasil para atuar nos campos da Europa.

                Nos anos  60 e 70 o mundo teve como grande nome do boxe Muhammad Ali que com muito trabalho atingiu as maiores conquistas que um atleta poderia alcançar, porém um certo dia os Estados Unidos entrou em guerra com o Vietnã e os homens foram convocados para lutar em favor de seu país inclusive Muhammad Ali, o boxeador imediatamente se recusou a lutar pois ele dizia que os vietnamitas não o chamavam de macaco ou crioulo e sim os americanos ou seja a sua guerra era dentro do seu próprios país não teria motivos para bombardear crianças e mulheres que não o insultavam, como punição por não servir na guerra, Muhammad Ali foi banido e perdeu seus cinturões mundiais e muitos outros milhões de dólares, por esses e outros motivos Muhammad Ali é considerado o maior boxeador de todos os tempos até mesmo transcendendo o esporte por sua luta pelos direitos dos negros em seu país e no mundo.

Você deve estar se perguntando, isso é uma comparação com os atletas negros de hoje em dia? Não! São contextos diferentes, porém o racismo é o mesmo, enquanto não tivermos atletas dispostos a lutar até o fim, até mesmo abrindo mão milhões no bolso, o racismo será o mecanismo para gerar lucro em propagandas de campanhas com as grandes marcas, vai apenas gerar audiências em programas de televisão, pois diante desses casos as emissoras chamam ex-atletas negros para comentar o caso e no outro dia os apresentadores continuam não sendo negros, eu como um colunista negro me sinto no direito de ir pra cima dos negros, pois eles fazem parte do meu time, quando um time está perdendo você chega no vestiário e cobra postura do seu time e não vai ao vestiário do adversário pedir que ele tenha compaixão, claro que esse problema não se reduz apenas uma simples mudança de postura, adolescentes no ensino médio americano já leram W.E.B Du Bois, Frantz Fanon, Marcus Garvey, Malcolm X, Frederick Douglas, Martin Luther king entre outros, já aqui no Brasil quais atletas negros conhecem Luiz Gama, Joaquim Nabuco, André Rebouças, José do Patrocinio entre outros, você enxerga que a educação dada ao negro brasileiro fez com que ele não se identificasse e nem conhecesse grandes nomes  Negros brasileiros, e isso se reflete diretamente no futebol já que o atleta ao subir da base já entra numa rotina exaustiva de treino e trabalho antes mesmo de terminar a escola e buscar uma formação acadêmica, esse é um dos principais motivos de posicionamentos tão rasos dentro de um assunto tão sério como o racismo .

E fica a dica, o dia que essas grandes marcas quiserem fazer campanha contra o racismo, é só elas investirem esses milhões dentro das periferias em saneamento básico, creches para mães negras deixarem seus filhos para poderem trabalhar e em educação de qualidade já os programas de TV podem vir aqui mostrar a realidade de jovens negros que sonham um dia vestir a camisa de um grande clube, o quanto de dificuldade eles e suas famílias enfrentam nas mazelas da sociedade, garanto que ambas estarão prestando um serviço bem mais produtivos.

FONTE/CRÉDITOS (IMAGEM DE CAPA): Internet
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Nego Dan

Publicado por:

Nego Dan

Barbeiro, cristão afrodescendente, formado em educação física e professor de boxe

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