Eu poderia estar aqui escrevendo uma mensagem mais relevante e com menos gerundismo, mas vou continuar falando sobre as minhas preferências- sem a menor intenção de te influenciar- a menos que você permita e que meu poder de argumentação esteja em dia.

“Já que sou, o jeito é ser”.

A hora da estrela

Uma amiga me disse uma vez que as pessoas costumam ter amor à primeira vista, coisa que era difícil me ocorrer, pois eu reservava esse meu lado para os textos: “Amor à primeira lida, é isso o que te acomete”.

De fato, o universo literário me encanta desde que eu me entendo por gente, lembro de, aos sete ou oito anos de idade, ficar encantada com Shakespeare.  Ao longo da minha formação como sujeito/ indivíduo aprendi a gostar de vários autores que amo até hoje como: Saramago, Mia Couto, os Manueis e Mários -a lista é ampla e carece dos três pontos...

Não é segredo para ninguém que me conhece que sou absolutamente apaixonada por Clarice Lispector, só que diferente dos outros autores, com ela foi diferente, algo como um atravessamento meteórico, não é bem essa a palavra, mas é a única que me veio agora (não quero pesquisar sinônimos). Abusando das hipérboles, metáforas e qualquer outra figura de linguagem que denota exagero, comparação, sabe um tiro certeiro direto no coração? Acho que foi quando descobri o significado da palavra eloquência e com certeza foi o caminho para a descoberta da minha identidade enquanto mulher que escreve. Eu só conseguia pensar que eu queria fazer as pessoas sentirem um terço do que ela me provocava ao ler suas obras. Até hoje ainda é algo sinestésico mesmo ao reler histórias que já conheço.

Estou me interessando terrivelmente por fatos: fatos são pedras duras. Não há como fugir. Fatos são palavras ditas pelo mundo.

A hora da estrela

Se você é alguém que está começando a se aventurar no universo da leitura, e por uma infelicidade da vida, nunca tenha lido a Felicidade Clandestina ou A HORA DA ESTRELA, me manda um oi que eu te mando o PDF. A desculpa do livro físico não vai colar, posso te emprestar o meu. Você paga o frete dos correios?

Mas o que é que ela tem de tão especial que me faz parecer uma fã descompensada que certamente seria tiéte caso ela fosse viva? Não vou fazer uma lista, apesar dos dedos coçarem para isso. Eu só posso dizer que seus escritos vão muito além de recortes de frases de efeito achados na internet- que são bons pra caramba, mas que se contextualizados dentro de suas respectivas obras, sério, são incríveis. suas narrativas fogem dos padrões tradicionais quebrando sequências do começo ao fim. Ordem cronológica, pra quê? Ela funde prosa e poesia tão perfeitamente! Desculpe, não sei ser parcial. Expressar paixão e estado da alma são suas especialidades, é intimista e psicológica. Ouse não se abismar com seu monólogo interior, as epifanias e catarses vividas por seus personagens.

Quem lê Clarice uma vez nunca mais volta a ser o mesmo.

Do mais... “Não se conta tudo porque o tudo é um oco nada”.

A hora da estrela