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Terça-feira, 18 de Novembro de 2025
A Doce Influência da “Moda Morango do Amor”

Larissa Cuba

A Doce Influência da “Moda Morango do Amor”

Como Tendências Emocionais Afetam o Preço e o Consumo 

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Nos últimos meses, o Brasil presenciou uma febre inusitada nas redes sociais: a “moda morango do amor”. Mais do que um doce tradicional de festas juninas, o morango coberto por uma fina camada de açúcar caramelizado ganhou status de símbolo afetivo, estético e emocional. Influenciadores passaram a exibir receitas, composições fotográficas e até tatuagens com o doce. E o impacto disso? Vai muito além do Instagram — ele chegou diretamente ao campo e à feira.
A moda do morango do amor não é apenas uma tendência visual. Ela carrega um apelo emocional poderoso. O morango, por si só, já é um símbolo de sensualidade, romantismo e prazer — seja em sobremesas ou composições decorativas. Ao ser transformado em uma releitura afetiva de um doce popular, ele toca em algo profundo: a memória afetiva.
O consumidor não está apenas comprando fruta; está comprando a sensação de infância, de romantismo, de doçura e de nostalgia. A estética “kawaii” (fofa) que ganhou força nas redes sociais impulsionou ainda mais o consumo do morango como símbolo de delicadeza e prazer visual, transformando o alimento em um objeto de desejo.

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De acordo com dados recentes de centrais de abastecimento, o preço do morango teve uma alta considerável em algumas regiões do Brasil, especialmente nos meses de maior pico da tendência. Em mercados e feiras urbanas, relatos mostram que a bandeja da fruta chegou a dobrar de preço. A percepção do morango como item “premium” aumentou com a viralização da moda. Restaurantes, docerias e confeitarias passaram a cobrar mais por sobremesas com morangos, influenciando o consumidor médio.
Estamos diante de um fenômeno chamado consumo emocional — quando a decisão de compra é guiada por sentimentos, memórias ou aspirações, e não apenas por necessidade ou preço. As redes sociais amplificam esse efeito ao transformar símbolos simples em manifestações culturais coletivas. O “morango do amor” virou hashtag, estética de feed, símbolo de cuidado próprio, um mimo visual que comunica carinho e prazer.
Estudos de comportamento do consumidor já apontam que o marketing sensorial e emocional pode alterar não só o desejo de compra, mas também a tolerância ao preço elevado. Isso explica por que, mesmo com o morango mais caro, as pessoas continuaram comprando — era mais do que uma fruta, era uma experiência emocional embalada em estética.
Apesar do aumento na procura e nos preços, nem sempre o produtor rural sai ganhando. A cadeia de distribuição ainda enfrenta gargalos logísticos e de conservação, o que gera desperdício e encarece o produto. A valorização repentina exige preparo da cadeia produtiva — que, muitas vezes, não acompanha o ritmo acelerado das tendências digitais.
Por outro lado, essa moda também trouxe luz ao cultivo nacional do morango, incentivando feiras locais, hortas urbanas e até o cultivo doméstico. Pequenos produtores e empreendedores artesanais viram na tendência uma oportunidade para gerar renda extra, criar doces artesanais ou comercializar versões personalizadas do morango do amor.
A moda do morango do amor é um exemplo perfeito de como a cultura digital, os sentimentos coletivos e a estética podem influenciar diretamente o comportamento de compra e o preço de produtos alimentícios. Ela nos convida a refletir sobre a força simbólica dos alimentos, a influência das redes no consumo e o impacto emocional que um simples morango pode carregar.
Em tempos onde a economia e as emoções caminham lado a lado, entender essas relações é essencial para consumidores mais conscientes e produtores mais preparados. Afinal, o que adoça nosso olhar também tem peso no bolso — e, como vimos, pode movimentar toda uma cadeia de valor.
 
 
FONTE/CRÉDITOS (IMAGEM DE CAPA): Internet
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Larissa Cuba

Nutricionista, formada pelo Centro Universitário São Camilo, IC em virologia, Pós graduada em Gestão de Projetos.

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