Caro eleitor, a política brasileira — especialmente em Brasília — está doente. E, com convicção, posso afirmar que está em estado terminal. É lamentável ver os rumos que as decisões mais importantes — tomadas por aqueles que foram eleitos e recebem muito bem (afinal, estamos falando do segundo Congresso mais caro do mundo) — estão tomando. A barreira das ideologias já foi atravessada há muito tempo. O que vemos agora são interesses próprios, praticamente de cunho pessoal.
Ao longo da última semana, vimos a cadeira do presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos), ser tomada pela oposição ao governo dentro do parlamento. Após horas de negociação, a oposição cedeu, e o presidente da Casa reassumiu a mesa diretora. Agora, o que mais intriga aqueles que analisam a política com racionalidade é o motivo do protesto. Saneamento básico? Saúde pública? Educação? Segurança? Não! Sabe por quê? Porque as pautas realmente importantes neste país foram jogadas para segundo ou terceiro plano por aqueles que usurpam da oportunidade de representar o povo nos mais altos cargos políticos. O que, de fato, os mobiliza a protestar é a anistia para quem cometeu crimes.
O grupo político que dizia que “o gigante acordou” sequer percebeu — ou finge não perceber — que o verdadeiro “gigante” acorda cedo todos os dias, pega um transporte público lotado, carrega uma marmita nas costas e tenta sobreviver de forma digna neste país.
Temos hoje um deputado federal licenciado, Eduardo Bolsonaro, buscando nos EUA prejudicar o próprio país de todas as formas, em uma tentativa de livrar seu pai das acusações que enfrenta. Agora, Eduardo acionou o modo “metralhadora giratória”, atacando até mesmo aliados que não se posicionam como ele gostaria. Recentemente, suas vítimas foram o deputado federal Nikolas Ferreira (PL) e o governador do estado de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), que já não sabem mais como agir — pois, se cederem aos caprichos da família Bolsonaro, certamente mancharão suas imagens para o processo eleitoral do próximo ano.
Hoje, nosso cenário político se resume a um presidente que já foi preso por corrupção e lavagem de dinheiro, e a um ex-presidente com tornozeleira eletrônica. Ambos acumulam mais processos do que projetos para o Brasil, enquanto o eleitor se comporta como se estivesse assistindo a uma partida de futebol. Em vez de buscar uma terceira via, prefere se agarrar a duas figuras que já tiveram sua chance e desperdiçaram a confiança do povo brasileiro.
Durante o protesto desta semana, deputados colocaram uma fita na boca. Esse gesto não poderia ter sido mais simbólico: a fita estava colada na boca de quem jamais deveria ter tido o direito de falar em nome do cidadão brasileiro. O cenário político do Brasil, como um todo, merece ser silenciado — e a voz do povo precisa ter mais clareza e responsabilidade na hora do voto. Não dá mais para essas cadeiras continuarem sendo ocupadas pelos mesmos.
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