O processamento dos resíduos sólidos em Mairiporã enfrenta gargalos logísticos e falhas de gestão. Há um acúmulo de problemas que tem ocasionado custos ambientais e climáticos, danos à biodiversidade, além de oportunidades perdidas. Parte disso, se manifesta de forma visível com a grande quantidade de lixo espalhado pela cidade, em áreas de vegetação, próximo a mananciais e em vias urbanas. A falha na coleta regular, com serviço intermitente e o descarte irregular em áreas de mata na Serra da Cantareira é agravado pela falta de infraestrutura de saneamento e conscientização frente ao aumento do turismo.
Privilegiada pela natureza, a cidade poderia ser exemplo. Possui coleta seletiva, mas recicla menos de 1% do total de resíduos coletados, abaixo da taxa já muito baixa de 2% no estado de São Paulo, segundo dados do Instituto Água e Saneamento. Desde 2013, possui um Plano de Gerenciamento de Resíduos Sólidos (PGRS) que não supera o papel. Ele estabelece diretrizes e ações para o manuseio ambientalmente correto de resíduos sólidos, que inclui todas as etapas de geração até a destinação final, para garantir o tratamento adequado, proteger a saúde pública e o meio ambiente, e cumprir a Política Nacional de Resíduos Sólidos (Lei nº 12.305/2010).Sua implementação na totalidade estava prevista dentro do prazo de 30 anos, porém, não está sendo executada.
O conjunto de leis que rege o manejo de resíduos prevê a correta separação, acondicionamento e encaminhamento para tratamento e reciclagem. Descreve ainda, as formas de tratamento (reciclagem, compostagem, etc.) e o processo de destinação final dos rejeitos. Trata da compostagem que é importantíssima, já que cerca de 60% dos resíduos domésticos são orgânicos e podem virar adubo por meio do processo de compostagem, deixando de emitir até 8x menos gás metano que se destina aos aterros sanitários.
O PGRS não é apenas uma obrigação legal, mas também uma ferramenta estratégica para a gestão dos resíduos no município pois reduz custos, gera empregos e renda. Além de melhorar a imagem da cidade com o compromisso com a sustentabilidade. Principalmente numa cidade que se pretende ao título de turística. É preciso arrumar a casa para receber visita. O crescimento do turismo na Serra da Cantareira, por exemplo, sem a devida infraestrutura para a gestão de resíduos tem contribuído para o depósito de lixo nas áreas de mata. Seja por meio dos grandes geradores, que ainda não se adequaram ao decreto de dezembro, último, que os responsabiliza pela destinação de seus resíduos gerados nos restaurantes, desonerando o serviço público para atendimento à população, seja pela ausência de zeladoria periódica na região. O acúmulo de lixo tem se tornado uma ameaça à natureza colocando em risco a fauna e a segurança hídrica da região, que é um importante manancial de água para abastecimento da Região Metropolitana de São Paulo. Sem contar a incidência de queima de lixo, umas das principais causas de incêndios florestais na região.
Diante desse cenário, munícipes têm se organizado para cobrar ações do poder público na solução deste grave problema ambiental. Como por exemplo, na mobilização do último sábado, 20, Dia Mundial da Limpeza, em que milhares de voluntários em mais de 190 países promoveram ações de conscientização e retirada de resíduos em áreas urbanas, rurais e costeiras. Em Mairiporã, a ação aconteceu na Serra da Cantareira com o mutirão para retirada de lixos das matas, iniciativa que chega à sua 4ª edição, desta vez em parceria com a plataforma Limpa Brasil e a prefeitura.
O movimento global, conhecido como World Cleanup Day, nasceu na Estônia em 2008 e se consolidou como uma das maiores ações cívicas do planeta, mobilizando milhões de pessoas em defesa de um futuro mais limpo e sustentável.
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