No dia 2 de julho de 2024, o então prefeito e pré -candidato à reeleição, Aladim (PSD), subiu à Serra da Cantareira, para dar a notícia da Parceria Público Privado (PPP) da iluminação pública - nos últimos minutos do segundo tempo para o início de sua campanha eleitoral. A empresa, aberta 17 dias após a comunicação aos moradores da Serra, fechou contrato milionário de mais de R$ 153 milhões com prazo de concessão de 30 anos.
Na ocasião, o prefeito pré-candidato, declarou para os presentes no buffet Quinta da Cantareira, que desconhecia a Serra da Cantareira, mas desejava começar o projeto pela região, uma espécie de desafio e boa vontade. Para tanto, seria feito um estudo para adequação da iluminação, como, por exemplo, da temperatura de cor para as áreas de floresta, para garantir a preservação da fauna e da flora. Além de apurar a real necessidade da iluminação na zona de amortecimento da unidade de conservação do Parque Estadual da Serra da Cantareira, área que foi declarada como parte da Reserva da Biosfera do Cinturão Verde da cidade de São Paulo pela UNESCO em 1994. O levantamento e a implementação do projeto seria acompanhado por um comitê formado por moradores, os quais estiveram na reunião.
Um ano e três meses depois, reeleito, o prefeito Aladim, ainda não apresentou nenhum estudo sobre o impacto da iluminação na Serra da Cantareira. Segue sem conhecimento e atuação na região. As lâmpadas instaladas até o momento, são de coloração branca trazendo alto risco de acidentes aos motoristas, nos períodos, recorrentes, de forte neblina. A situação é agravada pela falta de sinalização com olho de gato nas vias sinuosas.
Segundo especialistas, a iluminação excessiva tem um grande impacto no meio ambiente e na vida selvagem. A intensa exposição à luz branca, especialmente à noite, pode ser prejudicial para humanos e animais por diversos motivos, incluindo a alteração no relógio biológico, o que pode levar a problemas de saúde como distúrbios do sono e até câncer. Para os animais silvestres, este tipo de iluminação desorienta aves migratórias e atrai insetos, como a fêmea do mosquito aedes aegypti, que transmite os vírus da dengue, da febre chikungunya e o Zika vírus - que sob essas condições de luminosidade aumenta sua atividade. Prejudica ainda, polinizadores e o ecossistema. Com as mudanças climáticas, a situação tende a se agravar.
Por outro lado, áreas que possuem grande fluxo de pedestres seguem sem iluminação. O comitê prometido na ocasião da apresentação do projeto também não vingou. Alguns dos participantes que são especialistas no tema, seguem sem acesso aos anexos do contrato de concessão que não foram encontrados no portal da transparência da Prefeitura de Mairiporã. Desse modo, não é possível averiguar o compromisso de disponibilidade de corpo técnico especializado, nem o quadro de indicadores de desempenho da PPP. Seguimos no escuro.
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