Quantas vezes você já se pegou dizendo "não tenho tempo para nada" como se fosse um troféu? Parece que estar sempre ocupado virou um atestado de relevância, uma medalha invisível que carregamos onde todos possam ver para mostrar ao mundo que somos produtivos, requisitados, indispensáveis. Mas e se, na verdade, o verdadeiro luxo não fosse ter a agenda lotada, e sim poder não fazer nada sem culpa?

Semana passada, sentei para tomar um café sem pressa. Apenas sentei. Sem olhar o celular, sem planejar o próximo compromisso, sem tentar otimizar aquele tempo com qualquer outra coisa "útil". E foi desconfortável. Uma parte de mim queria checar notificações, responder e-mails, provar para o mundo (ou para mim mesma) que eu estava fazendo algo "produtivo". Foi aí que percebi o quão doente estamos ficando: até o lazer precisa ser previamente agendado, justificado.

Vivemos na era da produtividade infinita, onde parar parece sinônimo de fracasso.Somos socialmente educados a pensar que tempo é dinheiro, e as redes sociais reforçam ainda mais a ideia de que quem não está produzindo, está ficando para trás. Ironicamente, quanto mais tentamos acompanhar esse ritmo, mais exaustos ficamos. Ter tempo virou um privilégio, quase uma excentricidade. Quem pode se dar ao luxo de não fazer nada sem sentir culpa, sem precisar se justificar para os outros e até para si mesmo?

Temos um grande problema nisso: essa corrida insana não tem linha de chegada. Sempre há mais um curso para fazer, mais um conteúdo para postar, mais um projeto para tirar do papel, mais uma etapa a concluir, mais um degrau a subir rumo a um sucesso que nunca está ao alcance das mãos. O descanso virou algo que precisa ser "merecido", e não um direito básico. E assim, seguimos trocando momentos de presença por produtividade compulsiva, sem perceber que, no final das contas, estamos correndo sem nem saber para onde.

Talvez a solução esteja em ressignificar o que entendemos por sucesso. Talvez o verdadeiro status não seja ser a pessoa mais ocupada da sala, mas aquela que pode se permitir viver com tempo de sobra. Porque no fim das contas, de que adianta uma vida lotada de compromissos se não há espaço para simplesmente existir?

E você, tem conseguido aproveitar o tempo ocioso ou ainda sente culpa por não estar sempre ocupado?