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Quarta-feira, 09 de Julho de 2025
Estamos Digitando Muito, Mas Dizendo Pouco

Tharsila Lourenço

Estamos Digitando Muito, Mas Dizendo Pouco

A hiperconectividade nos mudou — só que do jeito errado

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Eu sou aquela amiga que esquece de responder mensagem, mas manda meme no Instagram como se nada tivesse acontecido. E, ironicamente, estou escrevendo uma coluna sobre como estamos desaprendendo a nos comunicar. Bem-vindo à era da hiperconectividade — onde estamos todos online, mas raramente presentes de verdade.

Hoje, a comunicação parece uma esteira de fábrica: rápida, automática, sem alma. Mandamos “hahaha” sem rir, “tudo bem?” sem querer saber a resposta e áudios de dois minutos que ninguém escuta até o final. E eu não estou dizendo isso de um pedestal moral — eu também sou refém disso. A verdade é que a gente fala muito, mas se escuta cada vez menos.

A ironia é cruel: estamos o tempo todo conectados, mas nunca nos sentimos tão sozinhos. Conversas que antes duravam horas, cheias de pausas e risadas, agora viraram notificações que ignoramos ou respondemos com um emoji genérico. A pergunta que fica é: será que estamos mesmo conversando, ou só mantendo uma aparência de que estamos presentes?

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O mais assustador é como a gente normalizou essa superficialidade. Se alguém demora para responder, interpretamos como desinteresse. Se respondemos rápido demais, parecemos carentes. Criamos um jogo de comunicação onde ninguém vence e todo mundo sai emocionalmente cansado.

E pior: essa comunicação rasa transborda para a vida real. As conversas presenciais estão ficando rarefeitas, interrompidas pelo hábito involuntário de checar o celular. Estamos juntos fisicamente, mas mentalmente dispersos — em outro chat, outra rede, outra notificação. Olhamos mais para a tela do que para o rosto das pessoas que amamos.

Talvez o problema não seja a tecnologia em si, mas o jeito que a usamos. A conexão deveria nos aproximar, não nos transformar em uma versão editada e cansada de nós mesmos. A verdadeira comunicação exige vulnerabilidade, exige que a gente escute sem pensar no que vai responder em seguida. E isso não cabe em uma DM.

Eu ainda vou esquecer de responder mensagens — é da minha natureza — mas talvez seja hora de lembrar que conversar é mais do que digitar. Quem sabe a gente comece a se escutar de novo? Quem sabe a gente volte a rir de verdade, em vez de só mandar "kkkk" por hábito?

E você, também é do time que some, mas reaparece com memes? Ou consegue manter conversas que vão além das notificações? Vamos conversar sobre isso — mas de verdade, não só por reação automática.

FONTE/CRÉDITOS (IMAGEM DE CAPA): Internet
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Tharsila Lourenço

Publicado por:

Tharsila Lourenço

Mãe, comunicadora social e empreendedora, uma mente inquieta que transforma os dilemas da vida em reflexões

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