Dois Pontos | Informação de qualidade para a região do CIMBAJU

Quarta-feira, 09 de Julho de 2025
Quer Mudar o Mundo? Comece Conhecendo Seu Vizinho

Tharsila Lourenço

Quer Mudar o Mundo? Comece Conhecendo Seu Vizinho

O peso da política comunitária e o poder de estabelecer laços locais

IMPRIMIR
Use este espaço apenas para a comunicação de erros nesta postagem
Máximo 600 caracteres.

Nas últimas chuvas, minha casa começou a sofrer com infiltração. Não foi por acaso, mas por um problema de infraestrutura da minha rua. Nesse momento, percebi algo meio inquietante: provavelmente, alguns vizinhos estavam passando pela mesma situação. E adivinha? Eu não sabia, e sendo sincera, nem ao menos conheço eles direito.

Estamos o tempo inteiro comentando política nas redes sociais, dando pitaco sobre os rumos do país, analisando candidaturas e criticando projetos de lei que, se formos honestos, mal lemos. Todos nós nos tornamos especialistas em "o que o governo deveria ter feito". Mas será que sabemos quem são os nossos representantes na câmara municipal? Sabemos se existe um conselho comunitário funcionando? E o mais simples: sabemos o nome do vizinho ao lado? Queremos mudar o mundo, mas ignoramos a política que está acontecendo bem aqui, na nossa rua.

Desde pequenos, nos ensinam que política é coisa de Brasília, de prefeitos, governadores e deputados. A verdade, tão simples quanto desconfortável, é que a política começa aqui, na rua onde a gente vive. Ela está nas lâmpadas queimadas que ficam apagadas por meses, no trânsito que não anda, no preço do alface na feira de domingo. Está também no transporte público que ignora a gente – e, entre nós, na falta de coragem de pedir soluções para os problemas que estão à nossa porta. A política não começa em Brasília, ela começa aqui, neste microcosmo que formamos no nosso bairro.

Leia Também:

E aqui vai uma reflexão: é fato, ao redor do mundo, que comunidades organizadas são, sim, politicamente mais poderosas. Um bairro onde as pessoas se conhecem e se unem para resolver suas questões tem muito mais poder de reivindicação. Isso não é segredo. Cidades que investem na união local vivem melhor. Porque quando uma vizinhança deixa de ser um aglomerado de estranhos que dividem o mesmo CEP e se transforma em uma coletividade, é aí que as coisas começam a acontecer de verdade.

O problema é que o individualismo virou regra. Vivemos trancados nos nossos próprios mundinhos, cuidando dos nossos problemas sozinhos e, quando tudo desanda, vem a reclamação: "Ninguém faz nada." Mas como cobrar mudança se nem sabemos o nome de quem mora ao nosso lado? Como pedir por melhorias se achamos que política é só o que rola de quatro em quatro anos, na urna? O desinteresse pela política local é a maior arma contra qualquer tipo de progresso real. E, se você acha que isso é exagero, olhe para as últimas eleições municipais.

Mudar o mundo pode até parecer um feito gigantesco, mas mudar o bairro, ah, isso está bem ao nosso alcance. Saber o nome do vizinho pode parecer algo pequeno, mas é a chave para começar a construir redes de apoio, de ação e de transformação real. Se queremos ruas mais seguras, serviços públicos mais eficientes e uma cidade mais justa, precisamos lembrar: a política não começa no topo – ela começa bem aqui, na porta de casa. Não na urna, não no X (Twitter) ou Instagram, não em Brasília. Começa aqui, entre nós.

FONTE/CRÉDITOS (IMAGEM DE CAPA): Internet
Comentários:
Tharsila Lourenço

Publicado por:

Tharsila Lourenço

Mãe, comunicadora social e empreendedora, uma mente inquieta que transforma os dilemas da vida em reflexões

Saiba Mais

Envie sua mensagem, será um prazer falar com você ; )