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Quarta-feira, 12 de Novembro de 2025
Léo Lins

Nego Dan

Léo Lins

Isso é Perigoso, Sabia?

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Na última semana, o humorista Léo Lins foi condenado a oito anos e três meses de prisão por propagar discursos considerados discriminatórios contra diferentes grupos sociais durante um show de stand-up. A sentença, no entanto, será recorrida pela defesa do humorista, e ele poderá responder em liberdade, visto que, por ser rico, ter pouca quantidade de melanina e olhos azuis, tem condições de pagar bons advogados para sua defesa — algo que a maioria da população brasileira não tem acesso. Dito isso, dificilmente ele será preso. Agora, precisamos refletir sobre alguns pontos relativos ao humor que é feito em cima de determinados grupos sociais.

Na década de 1830, nos Estados Unidos, o humorista Thomas Rice criou um personagem chamado Jim Crow, que era um homem negro, preguiçoso, burro, violento e caricato. O ator que interpretava esse personagem era branco e pintava seu rosto de carvão, prática conhecida como blackface. Através desse humor, ele transmitia à plateia uma visão subalterna do homem negro. Ao longo dos anos, o personagem Jim Crow ganhou tanta proporção que serviu para dar nome a um conjunto de leis estaduais e locais no Sul dos Estados Unidos, as chamadas "Leis Jim Crow", que estabeleciam um sistema de segregação racial e privação de direitos como: escolas, restaurantes, hospitais, transporte público e até mesmo banheiros e bebedouros. Essas leis duraram quase um século e resultaram em um massacre de pessoas negras no país. Movimentos de supremacia branca, como a Ku Klux Klan, ganharam força nesse período.

Outro exemplo de como o humor foi usado como ferramenta para interesses de uma determinada classe aconteceu na Alemanha nazista, onde a imprensa utilizava caricaturas nos jornais para ridicularizar os judeus antes do Holocausto. Veículos de comunicação têm usado essa tática ao longo da história, como fez a televisão brasileira com a imagem do saudoso Mussum. Ele foi um excelente ator, compositor e instrumentista, mas foi reduzido à figura de um personagem "pinguço" e preguiçoso. E se falarmos das telenovelas, vemos que, ao longo dos anos, personagens negros eram frequentemente representados de forma caricata e sem intelecto algum.

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Lembro também, quando era mais jovem, especialmente na época da escola, nos anos 2000, de um personagem com trejeitos homossexuais no programa de comédia Zorra Total, chamado Patrick, interpretado pelo ator Rodrigo Fagundes. Toda vez que se irritava, ele soltava uma expressão que praticamente virou um bordão: "Olha a faca!". Lembro que, na escola, isso servia para ridicularizar homossexuais, estereotipando-os como pessoas fracas e emocionalmente agressivas.

Essa semana, acompanhei jornais da GloboNews que se apressaram em atacar Léo Lins, como se a emissora fosse um exemplo de igualdade social, arrotando moralidade para todos os lados.

Fato é: na minha opinião, Léo Lins estava errado. Porém, essa prática não é nenhuma novidade na história do mundo e muito menos aqui no Brasil. Sua condenação, como eu disse, não sou jurista e não quero entrar no mérito de ser justa ou não, mas o que me chamou mais atenção foi o fato de que esse episódio entrou no debate da tal "liberdade de expressão". Coincidentemente, uma semana após a prisão de MC Poze, enquanto tudo se concentrava nesse debate, o escândalo do INSS passava cada vez mais despercebido.

FONTE/CRÉDITOS (IMAGEM DE CAPA): Internet
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Nego Dan

Publicado por:

Nego Dan

Barbeiro, cristão afrodescendente, formado em educação física e professor de boxe

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